quinta-feira, 12 de maio de 2011

O Twitter, Amanda Regis e uma sociedade ignorante

Treading Topics (tópicos mais populares do microblog Twitter) de uma quarta-feira, em pleno jogo do Campeonato Brasileiro. Ceará contra o time de maior torcida no Brasil, o Flamengo. Era de se esperar hastags de incentivo a um dos times, mas a história acaba tomando novos caminhos. 

Uma avalanche de preconceito atingiu mais uma vez, nós, nordestinos. Parecia que estávamos voltando à corrida presidencial do ano passado em que a mesma hastag “#orgulhodesernordestino” ficou em primeiro lugar dos TT's, por tweets preconceituosos vindos de uma tal de Mayara Petruso.

A história é sempre a mesma, mas com outros personagens. A da vez foi Amanda Regis, que ao ver o Ceará empatando do Flamengo agiu com agressividade a nós Nordestinos. “Esses nordestinos pardos, bugres, indios acham que tem moral, cambada de feios. Não é atoa que não gosto desse tipo de raça.” @_amandaregis em sua página no Twitter. 

Entristece-me como ser humano, ler que ainda existe gente ignorante dessa magnitude vivendo na “sociedade mais informada do País”. Até parece que você não tem estudo e vive em uma região remota, sem TV e internet. 

Sou Nordestino, da região de Jorge Amado, do ex-vice-presidente José de Alencar, João Cabral de Melo Neto, Raquel de Queiroz, Graciliano Ramos, de Gregório de Matos, Gonçalve Dias, Castro Alves, Augusto dos Anjos. 

Da música de Luiz Gonzaga, de Elba Ramalho, Dominguinhos, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, do samba de Alcione, Zeca Baleiro, Fagner, Lenine, Tom Zé, do tropicalismo de Caetano Veloso e de Gilberto Gil. Do brega de Reginaldo Rossi e Waldick Soriano. Do rock de Raul Seixas e atualmente da Pitty. Do axé de Daniela Mercury, Margareth Menezes, Ivete Sangalo e de muitos outros artistas que fazem desse ritmo um dos mais populares da atualidade. 

Da teledramaturgia de Marco Nanini, Arlete Salles, Lázaro Ramos, Wagner Moura, Chico Anysio, Renato Aragão, Tadeu Mello, Fabiana Karla, João Falcão, Guel Arraes. 

Das belezas naturais de Trancoso, Porto Seguro, dos Lençóis Maranhenhenses, Canoa Quebrada, Pipa, do arquipélago de Fernando de Noronha, de Porto de Galinhas e de muitas paisagens que fazem do Nordeste um dos destinos mais procurados do País. 

A nossa importância para a cultura, música e literatura do País é unanime e indispensável. Esses nomes são apenas alguns dos Nordestinos que fazem o nosso Brasil. Como diria Ariano Suassuna, “Não troco o meu oxente pelo Ok de ninguém.”

Eu não troco o meu oxente pelo ok de seu ninguém
(Marco Haurélio) 

Além das falsas fronteiras
Por mãos humanas forjadas,
Das extensas paliçadas,
Dos hinos e das bandeiras,
Das invisíveis barreiras,
Do deboche e do desdém,
A alma que um povo tem
É o que torna a gente GENTE
- Eu não troco o meu ôxente
Pelo “ok” de seu ninguém.

Escrevendo a sua história,
Sem troféus e nem brasões,
Peservando as tradições,
Nos arquivos da memória.
Esta é a maior glória
Que o nordestino tem.
Pra século sem fim, amém
Viva o cordel e o repente
- Eu não troco o meu ôxente
Pelo “ok” de seu ninguém.


Nenhum comentário:

Postar um comentário